Religiosidade Midiática
Qualquer pessoa pode constatar
as rápidas mudanças que ocorreram nos últimos trinta anos na vivência popular cristã.
A rápida adoção das novas tecnologias aplicadas aos meios de comunicação e seu
uso na ‘evangelização, possibilitou surgimentos de linguagens novas e surpreendentes,
porém, encontra-se aí avanços e danos na mensagem cristã.
Não há dúvidas que os
avanços estão no projeto mesmo das igrejas de comunicar a Boa Nova. Levar a
todos a mensagem de salvação. A missão encontrou e assumiu nesse novo espaço um
novo vigor, atingindo grande espaços rapidamente.
Em contraponto, surgiram também
o esvaziamento da mensagem no mar do consumo. A religião toma ares de produto a
ser oferecido de acordo com a demanda. Em tal expansão acaba gerando líderes
midiáticos influenciado por correntes neopentecostais – para ser mais exato,
pela teologia da prosperidade. O personalismo toma conta de emissoras evangélicas
e católicas. O pastor, o padre famoso, entram em cena. Cria-se fã-clubes, missas
e cultos shows com milhares de pessoa. Acentua-se assim, o transito religioso,
desenraizando o fiel de sua comunidade de origem, causando atualmente o que poderíamos
chamar ‘anemia eclesial’.
Mesmo em igrejas evangélicas
que criticavam o uso de imagens, fazem uso de fotos de pastores e pastoras
famosos em cartazes e fachadas das igrejas. Na igreja católica, sai de cena os cartazes
e anúncios com símbolos da cruz, do padroeiro (a) das festas, e entra o cantor (a)
pregador (a) famoso. Sai, por exemplo, a Perpetuo Socorro, que passa a ter pouco
poder de atração, e entra estampado nas propagandas das festas, o padre X, com
uma menção bem pequena da padroeira.
A religiosidade midiática,
em seu excesso, acaba por negar justamente o que anuncia, pois nega na essência
a transitoriedade dessa vida e as limitações e sofrimentos nela contida. Tal anúncio
gera seu oposto. O fiel, cheio de promessas de vitória, vendo seus desejos
frustrados no decorrer da vida (seja a doença, um amor não correspondido e a própria
chegada do fim da vida) se revolta e por vezes abandona a prática religiosa por
ser ‘ineficaz’.
O que a religiosidade midiática
faz em grande parte é oferecer um cristianismo água com açúcar. Tenta tratar a
ferida de nossa realidade carnal com merthiolate
ou da febre com aspirina sem combater a infecção que está por detrás. O que
ocorre nestes casos, é que se entende a mensagem cristã como uma autoajuda, uma
psicologia diluía em água, mas em si mesmo tal vivência não traz a
espiritualidade profunda da mensagem cristã que faz mesmo do sofrimento e da
morte momentos de ressureição. Uma espiritualidade sadia não rejeita totalmente
a dor e a cruz, mas as unifica à vida.
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