Espiritualidade Franciscana e a idolatria de animais
Nos últimos tempos temos visto uma
crescente preocupação com os animais. Grupos são formados, debates enérgicos são
realizados nas redes sociais, artistas e ativistas se movem em defesas dos animais.
Tudo isso parece partir de uma sensibilidade para com as criaturas. Tal postura
releva que cresce uma maior consciência com a criação, mesmo que seja a parte
da prática religiosa devemos valorizar essa contribuição. Contudo, precisamos
sempre tomar cuidado com os exageros.
Não se pode imaginar e nem
permitir que alguém gaste e trate melhor um animal que um ser humano. Dizendo isso
não se quer afirmar em hipótese alguma que os animais não precisam ser protegidos.
Porém, isso somente é sadiamente realizado quando qualquer ser humano já não se
encontra em situação de miséria.
Diante dos acontecimentos de maus
tratos de animais tem se revelado uma pseudo-sensibilidade. Como ela se
apresenta? Como se disse acima, quando se dá mais valor a um animal maltratado
do que a um ser humano. Isso tem ocorrido, principalmente quando vemos o aumento
de pobres e miseráveis em contrapartida ao aumento de petshops.
Francisco de Assis contemplava a
criação como caminho de encontrar a Deus. O modo de Deus se revelava nas suas criaturas.
O santo chamava a água, o fogo, o vento de irmãos. Mas fazendo isso não parava
nelas. Não caia em idolatria, colocando as criaturas no lugar de Deus. O que
tem acontecido nas últimas décadas é uma idolatria ao cachorro, ao gato, ao pássaro
doméstico, etc., substituindo as relações afetivas por relações objetais
primitivas. Nesse caso, se cai na idolatria, na posse, nos problemas de ordem
psicológica.
Não é normal um ser humano dar
mais valor a um animal do que a um outro ser humano. Tal comportamento revela
um adoecimento da alma. Quem gasta mais dinheiro para cuidar de um animal, mais
do que ele necessita e esquece seu irmão que padece próximo dele, está em
pecado, anda nas trevas e não conhece a Deus.
O que se precisa hoje é uma consciência
humanizada que não fuja das relações humanas, que não despreze o ser humano,
pois negar a imagem de Deus é o pecado em seu sentido mais profundo. Cuidemos sim
dos animais, mas nunca acima do que eles precisam. Nossa carência e dores devem
ser curadas para que reencontremos no próximo a manifestação encarnada de Deus,
o que não ocorre na relação homem-animal.
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