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Mostrando postagens de 2018

Religiosidade cristã: doença e libertação

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Existe uma prática religiosa que gera ou mantém doenças e uma outra que leva ao amadurecimento humano? Nem sempre é fácil procurar responder tal pergunta. O que sabemos nos últimos tempos, principalmente com a análise das ciências sobre a religião, é que sua expressão se apresenta com uma ‘muleta psicológica’ ao ser humano. A concepção que solidificou nesse sentido, até mesmo no senso comum, foi o da psicanálise, que trata a crença em Deus como um desejo infantil não reconhecido por um pai superprotetor. Podemos dizer que é verdade a afirmação da psicanálise? Em grande parte, sim. Porém, não toda. Nos últimos tempos, ao menos na religião cristã, e dizemos especificamente no Brasil, sua prática tem tomado ares de neurose coletiva. Ficou visível o endeusamento de padres e pastores que prometem cura, libertação e proteção. O que chama atenção é que não é Deus que conta na relação, mas o pregador. Caso o ‘curandeiro’ seja falho, não consiga atingir o objetivo, ajudar ao fiel, por m

Atendimento Psicológico online

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O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou uma nova resolução sobre atendimento psicológico on-line. A nova norma amplia as possibilidades de oferta de serviços de Psicologia mediados por Tecnologias da informação e comunicação (TICs), Com a nova resolução CFP nº 11/2018, o profissional de Psicologia será responsável pela adequação e pertinência dos métodos e técnicas na prestação de serviços, não havendo necessidade de vinculação a um site.    O psicólogo poderá oferecer consultas ou atendimentos psicológicos de diferentes tipos por meio das tecnologias da informação e comunicação. Cada tecnologia utilizada deverá guardar coerência e fundamentação na ciência, na legislação e nos parâmetros éticos da profissão. Entre em contato e agende sua sessão: 62 99264 1113. 

Uma imagem que choca

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Esta foto tirada na Cúria da Arquidiocese do Rio de Janeiro nesse mês de outubro, nos choca. A imagem do Cristo ao fundo contrasta com os dedos imitando uma arma. As pessoas sorrindo mostra a inconsciência da mensagem evangélica e a postura querida politicamente. O que leva ‘cristãos’ fazerem isso? Anos de ritos, festas, movimentos, orações, o que tudo isso possibilitou? A encarnação da mensagem evangélica não está somente em ritos, em doutrinas, em pertencer uma igreja. Ela está no comportamento. Por vezes, se acostuma tanto em participar da missa por tradição que não se dá conta que se deve ligar vida e Palavra de Deus. Não se dá conta que a Eucaristia não se resume apenas na hóstia consagrada. Não se dá conta que devemos ser transformados no próprio corpo de Cristo para o mundo. O que nós vemos? Comportamentos inconsequentes, pregação de ódio em nome de Deus, preconceito, raiva, vingança. Chegando ao cúmulo de católicos apoiarem a pena de morte, do ‘bandido bom e bandido

Superstição, pensamento positivo, efeito placebo e fé

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  É um desafio falar desses quatros elementos, pois muito das vezes estão misturados entre si. Já a fé não, por isso ela difere de todos os demais. Para tratar deles precisamos coragem em tempos de religião mágica e supersticiosa. Contudo, façamos aqui apenas um apontamento inicial e quem sabe alguém não se aventura em escrever um bom livro a respeito. Superstição está ligado a comportamentos compulsivos-neuróticos. Também não há como negar que está associado uma dose de ‘esforço’ de pensamento positivo e efeito placebo. Pular ondas do mar na passagem do ano, jogar sementes de romã para trás das costas três vezes, vestir amarelo ou branco com a intenção disso ou daquilo, são exemplos de comportamentos supersticiosos. Na concepção teológica cristã que aqui tratamos, isso não diz nada a respeito da fé. Pelo contrário a impede, já que a fé requer consciência e adesão a uma Pessoa e a um projeto, e claro, um chamamento anterior e em seguida uma entrega confiante sem saber do futu

Prática religiosa e espiritualidade

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A Prática religiosa nem sempre vem associada com uma espiritualidade. Pode ocorrer que um fiel participe de sua crença apenas por tradição, por costume familiar ou mesmo por que trabalha em uma ‘paróquia’, em uma ‘igreja’. Não no sentido de ser uma comunidade que expressa uma vivência de fé, e sim por ‘exercer’ uma atividade sócio-comunitária no sentido de uma ONG. Organizam festas de padroeiros, quermesses, gincanas, auxiliam na catequese, contudo no fundo não se trata de um comportamento religioso, é somente ‘costume’. Você pode estar pensado que falo bobagem. Não se engane. Grande parte dos cristãos não sabe quase nada de sua fé. Aqui não se trata de generalização, mas de constatação. Basta uma pergunta, por exemplo, o que a adesão a Cristo implica em sua vida? Ou, o que a meditação da palavra, o estudo dos documentos da igreja, nos leva a assumir? E mesmo antes de um simples comportamento ético e moral: qual sua intimidade com Deus? Aqui não se trata de possuir um conheci

Pastoral e Teologia do “mimimi”: sentimentalismo tóxico

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Pastoral é a atividade do cotidiano de uma comunidade cristã visando a implantação do Reino de Deus. É a partir da luta e consolidação de uma comunidade que que ela vai se dando. Refere a um caminhar que, como o pastoreio das ovelhas, todas as vezes o ‘pastor’ realiza o ‘mesmo’ trabalho, dia após dia. Pode-se dizer que é um movimento constante e este pastoreio está aberto, vai ao mundo e deixa o mundo colocar seus desafios. Neste ponto a comparação com o ‘rebanho de ovelhas’ finda, pois não se trata só de um redil. É agora das verdes pastagens aberta a todo o povo.             Dessa realidade, que sem dúvida é desafiante, nasce um falar de Deus. É a teologia que tenta a partir da experiência de toda uma tradição e, indagada pela realidade, procura dar respostas. A teologia então nasce no ‘caminhar’, ‘no pastoreio’, ‘no meio das ovelhas’. Por isso ela sempre é um desafio e uma construção. Enquanto o povo de Deus caminha ‘uma coluna de fogo vai a sua frente’, porém, é sinal para

Análise da concepção de milagre a partir do caso da Tailândia

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O incidente na Tailândia no mês de julho de 2018 comoveu o mundo inteiro. Várias equipes de resgate foram envolvidas. Um grupo de garotos e seu técnico ficaram presos nas cavernas logo após serem inundadas com água das chuvas. Depois de vários dias as crianças foram sendo resgatada uma de cada vez. No processo de organizar a retirada deles um dos mergulhadores, Saman Kunan, por falta de oxigênio, morreu, quando tentava fazer a travessia até onde eles estavam. Ao fim dos trabalhos, todas as crianças foram salvas como também o técnico. Começou a se falar em ‘milagre’ devido às dificuldades do resgate e o tempo (18 dias), e que tudo isso somente poderia ser ação de Deus. Realmente, para aqueles que acreditam foi um milagre. Contudo, a maioria dos comentários que surgiram nas redes sociais e reportagens compreendeu milagre equivocadamente. Pelo menos naquilo que o cristianismo apresenta em sua mensagem original. Então, aqui se faz uma reflexão a partir da religião cristã. Comecem

Religiosidade e entretenimento

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O canal chamado “Porta dos Fundos” fez vários vídeos de comédia sobre como os padres e fieis participam das missas. Muitos Cristãos católicos reagem, dizendo que é uma falta de respeito o que eles fazem. Contudo, a origem das ironias parece ter uma fonte no próprio modo de celebrar hoje. As missas shows, os padres midiáticos de um lado, e as missas tradicionais de outro. O que se pode refletir sobre isso?         Não dá para negar que muitas celebrações têm tomado ares de entretenimento, diversão para os fiéis. O que chamado de diversão? De forma semelhante a de um show de música, que tem a pretensão de fazer vibrar os espectadores, também as celebrações shows tem a pretensão de mobilizar a prateia em altos e baixos emocionais. Que vai da alegria do louvor exaltante ao choro das curas. Nos dois casos, como se estivesse em uma montanha russa de emoções, o objetivo é sentir-se vivo.              Existem, entre católicos e evangélicos, líderes que abrem os braços, aponta o dedo –

A Face do Mal

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  A artimanha do mal é fazer dele um espetáculo. O que estamos chamado de ‘espetáculo’? Seria a cortina de fumaça lançada pelas concepções religiosas atuais que, inconscientemente ou não, escondem a verdadeira face do mal, não tocando nela nem se quer com o dedo. A multiplicação de cerimonias aonde acontece exorcismo – em grande parte apenas de cunho sugestivo e psicológico – se dá em variadas denominações cristãs (evangélicas e católicas). Uma de suas características é a espetacularização, teatralização, do rito de expulsar um mal que tomou ‘posse’ do fiel. Em alguns casos, existe até mesmo uma conversa com o demônio que está na pessoa. Em outros, mais comportadas, o demônio não fala, simplesmente joga o fiel no chão. No comando desses cultos estão os líderes pentecostais e neopentecostais. Enquanto a primeira vertente expulsa o mal que impede o fiel de seguir e fazer a vontade de Deus, a segunda corrente, já interpreta a pobreza, por exemplo, como um espírito impuro. Tais c

Religiosidade Midiática

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Qualquer pessoa pode constatar as rápidas mudanças que ocorreram nos últimos trinta anos na vivência popular cristã. A rápida adoção das novas tecnologias aplicadas aos meios de comunicação e seu uso na ‘evangelização, possibilitou surgimentos de linguagens novas e surpreendentes, porém, encontra-se aí avanços e danos na mensagem cristã. Não há dúvidas que os avanços estão no projeto mesmo das igrejas de comunicar a Boa Nova. Levar a todos a mensagem de salvação. A missão encontrou e assumiu nesse novo espaço um novo vigor, atingindo grande espaços rapidamente. Em contraponto, surgiram também o esvaziamento da mensagem no mar do consumo. A religião toma ares de produto a ser oferecido de acordo com a demanda. Em tal expansão acaba gerando líderes midiáticos influenciado por correntes neopentecostais – para ser mais exato, pela teologia da prosperidade. O personalismo toma conta de emissoras evangélicas e católicas. O pastor, o padre famoso, entram em cena. Cria-se fã-clubes, m

Obediência à Igreja

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"Francisco, vai e restaura minha igreja"       O que se entende por ‘obediência’ hoje? Parece que se faz necessário, mesmo que de forma primária, refletir sobre o básico da fé cristã em questão de obediência. Em um mundo que presa pela liberta e escolha pessoal, a obediência à Igreja parece soar com opressão. Necessário aqui lembrar de Francisco de Assis e do movimento primitivo franciscano. Francisco colocou na regra para seus frades que todos deveriam ser obediência à Santa Igreja e a seus superiores legitimamente eleitos e que, por exemplo, jamais exercem a pregação sem a autorização do bispo local.         Aqueles que estavam fora da obediência eram considerados naquele período como hereges (Século XIII). Hoje, a noção de ‘herege’ parece passar para a ordem do subjetivo. No desejo de liberdade pessoal cada indivíduo em sua interpretação julga e fala o que é certo ou errado em matéria de fé. Vê-se isso claramente em alguns movimentos e ‘líderes’ tradicionalista