Francisco e a Fraternidade



Francisco de Assis deixou a cidade, a família, o comércio, o desejo da cavalaria. Não quis ser monge, não quis ingressar em nenhum grupo existente. O único desejo era seguir Jesus Cristo. Era apaixonado pelo Crucificado.
 
Foi primeiramente morar com um sacerdote. Começou a usar uma veste de eremita. Reconstruía pequenas igrejas abandonadas. E onde ele aprendeu viver em fraternidade? Com os leprosos. Nos passos iniciais sentiu adente ardor em Seguir o Evangelho, mas só concretizou ajudando e morando com os leprosos.
 
O fundamento da fraternidade é o Cristo. Movente espiritual que o atingiu e que se torna real no irmão chagado. A fraternidade nesse sentido não se fundamenta nos irmãos de comunidade religiosa em si mesmos, mas na vivência concreta da finitude humana no serviço aos leprosos e pobres. Logo, não é a amizade dos primeiros companheiros, nas relações afetivas realizadoras, e sim, na impossibilidade dessa pelo próprio esforço humano que Deus se revela.
 
O esforço humano não consegue estabelecer nenhuma forma de fraternidade fora da retribuição. Seria inocência pensar ao contrário. A gratuidade que funda a vida fraterna está para além da troca de ‘favores’, do toma lá-dá-cá. Essa seria a fraternidade dos fariseus e mestres da lei que juntos tramavam contra Jesus.

Somente a partir da graça divina podemos falar em fraternidade. Para Francisco é revelado essa graça no local mais improvável, onde não existe possibilidade de retribuição: entre os leprosos e pobres. 

Frei Edson Matias

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