Superstição, pensamento positivo, efeito placebo e fé


 Image result for fÃ©É um desafio falar desses quatros elementos, pois muito das vezes estão misturados entre si. Já a fé não, por isso ela difere de todos os demais. Para tratar deles precisamos coragem em tempos de religião mágica e supersticiosa. Contudo, façamos aqui apenas um apontamento inicial e quem sabe alguém não se aventura em escrever um bom livro a respeito.


Superstição está ligado a comportamentos compulsivos-neuróticos. Também não há como negar que está associado uma dose de ‘esforço’ de pensamento positivo e efeito placebo. Pular ondas do mar na passagem do ano, jogar sementes de romã para trás das costas três vezes, vestir amarelo ou branco com a intenção disso ou daquilo, são exemplos de comportamentos supersticiosos. Na concepção teológica cristã que aqui tratamos, isso não diz nada a respeito da fé. Pelo contrário a impede, já que a fé requer consciência e adesão a uma Pessoa e a um projeto, e claro, um chamamento anterior e em seguida uma entrega confiante sem saber do futuro.

Pensamento positivo faz bem e não há dúvida disso. Por exemplo, uma pessoa de fé lancha-se no projeto de Deus sem saber onde vai chegar, mas mesmo assim... vai, confia, entrega, tem pensamentos positivos. Mas claro, aqui quando ligado a fé não quer dizer que todas as cosias vão dar certo ao nosso gosto, pois aí já não é fé, trata apenas de pensamento positivo que fui frustrado. Ou seja, a fé envolve pensamento positivo, entretanto... Imaginemos os primeiros cristãos capturados e lanchados na jaula dos leões. Eram pessoas de fé, mas não bobas, sabiam que iam morrer por uma causa, por uma entrega. O pensamento positivo (aqui trata mais de sabedoria) era a vitória derradeira sobre o mal que se manifestava naquela forma de governo, na forma de viver em sociedade daquele tempo. Sabiam que sua entrega confiante se tornaria semente na terra.

Efeito placebo como sabem é dar um medicamento falso sem falar o conteúdo dele. Algumas pessoas que os recebem acabam por se curar, porém outra não. A sugestão de um discurso religioso pode ter também esse efeito nos ouvintes, principalmente quando se trata de problemas psicológicos emocionais. Contudo, isso não é fé. Pois se caso fosse confundido com fé, não se precisaria de adesão e entrega a um projeto. No caso cristão, no projeto do Reino de Deus.
Fé é dom de Deus que nos chama por primeiro. Tocados por Deus e fortalecidos por seu Espírito nos entregamos e deixamos Ele nos conduzir. Não sabemos onde vamos e o que acontecerá, mas, pela sua Graça, confiamos sem ver, ser ter certeza, por vezes sem enxergar o caminho. Como aquele casal que casa, dando-se um ao outro, não sabem o que irão viver, mas o amor dá a ‘certeza’, a ‘confiança’, que, seja na dor ou na alegria vão partilhar a vida. Logo, fé está ligada ao amor, e claro, na esperança. Esperança que não é pensamento positivo somente, e sim, abertura ao que vem sempre na possibilidade de crescer e colher o que for melhor para o Reino de Deus.

Então. Olhando para a prática religiosa hoje. Para as pregações e vivências cristãs. Você falaria que somos homens e mulheres de fé ou não?

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