Paixão de Cristo e sentimentalismo
A paixão de Cristo é nossa
paixão? Em uma sociedade que preza pelo bem-estar acima de tudo, a Paixão de
Cristo somente tem lugar como sentimentalismo. Que em sua vertente moderna
acaba por intoxicar os que querem ter uma experiência romântica e ‘gostosa’ do
rito religioso.
Falar de um Deus homem que
sofreu, frustrou-se, teve medo, duvidou, não agrada mais o público sedento de
milagres e curas. Como que um Deus que se revelou fraco, amando e angustiado
pelos amigos e discípulos, pode fazer alguma coisa?
Percebe-se nas conversas com
muitos cristãos hoje que uma divindade que não pode nos tirar do sofrimento não
tem serventia. Caso Deus não seja eficaz naquilo que queremos, Ele não é onipotente.
Assim, nota-se que no próprio discurso e prática atual cristã passou a existir
uma negação da Paixão de Cristo. Nega-se um Deus que sofre com seu povo, que
caminha com cada um, seja na alegria ou no sofrimento, e em decorrência, a
identificação com Ele. Logo, pessoas estão ficando doentes e confusas com uma
proposta de libertação de todos os problemas e a não realização de tais
promessas.
Encontramos pessoas revoltadas
contra Deus, como se Ele fosse responsável pelas curas não feitas, ou pelos
males causados. Constatamos que em grande parte a prática cristã se tornou intimista e
superficial, transformando o vigoroso amor da mensagem cristã em um conto de
fadas.
O que tem causado isso entre
leigos e lideranças religiosas? Dizemos aqui, em linhas gerais, que seja a negação
daquilo que Deus assumiu e que não queremos: o ser humano, que sente, que se
alegra, que chora, que sofre. Está entre nós, e se implantando de forma contundente,
um cristianismo doente que prega uma coisa que não é mais ele, mas uma ‘anemia
humana’ que não tem mais vigor para assumir a vida que nos foi doada.
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